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Retrofit de shopping

15 de agosto de 2022Tempo de leitura: 4 minutos

O mercado de varejo, especialmente o dos shoppings centers, precisou se adaptar para sobreviver e acompanhar o cenário pós-pandemia. Para atender a este novo momento, que veio como uma avalanche para todos, empresários e donos de shoppings repensaram as suas estratégias de negócio para oferecer uma nova experiência  a um novo consumidor, que agora quer unir compras e lazer em um mesmo passeio. 

“Quando pensamos sobre o futuro dos shoppings centers, temos de pensar primeiro no comportamento do consumidor. Com a retomada da importância das lojas físicas, o consumidor já não é o mesmo e não busca o que buscava antes, quando ia aos shoppings centers. Hoje ele quer mais e entender este novo consumidor, pós pandêmico, é um desafio grande”, explica Vera Zaffari, CEO da VZ&CO, especialista em arquitetura comercial e de varejo.

Para Vera, existe uma solução dentro da arquitetura, capaz de transformar os espaços do shopping: o retrofit  redesign de edificações existentes. “O retrofit é conhecido mundialmente por garantir um melhor funcionamento das instalações de uma construção, além de modernizá-la para acompanhar os avanços do mercado”, comenta.

Com mais de 20 anos atuando com arquitetura comercial e de varejo, a CEO da VZ&CO conta como a tendência do retrofit impacta o setor de shopping center. Confira: 

Sabemos que para pensar no futuro dos shoppings centers, precisamos entender o comportamento do consumidor e as suas mudanças. Para você, como é a relação do consumidor e os espaços para eles?  

VZ: A onda omnichannel (convergência de todos os canais utilizados por uma empresa para melhorar a experiência do cliente) é uma tendência que veio para ficar. O físico e o digital estão juntos, então os shoppings centers precisam pensar nisso sempre. Se você parar para analisar, vai perceber que os serviços de delivery aumentaram, o home office se consolidou seguindo aquela linha ‘Anywhere’, que a pessoa pode trabalhar em locais diversos, não só em suas casas, necessariamente.  O retrofit vai acompanhar todas essas mudanças, tornando os espaços mais adequados e modernos, dentro da nova tendência de consumo, para que eles fiquem mais agradáveis para os consumidores. Hoje, as pessoas querem se resolver em um só lugar e há muito tempo esse ‘resolver’ não condiz só a comprar, consumir. Por isso, os shoppings centers estão alterando a sua arquitetura, inserindo novos usos como hotéis, food halls, centros médicos, escolas, coworkings, etc. 

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Na sua visão, então, como os shoppings centers devem lidar com os novos comportamentos de consumo que vieram no pós-pandemia? 

VZ: O shopping não é apenas mais um espaço de vendas, mas sim um ponto de encontro, de conveniência e novas experiências. Ele é um ambiente para se estar com a família, com amigos ou até sozinho, em momentos de lazer, por isso deve inspirar conforto, confiança e segurança.  

E como o retrofit pode ajudar o shopping a se adequar a esse novo momento? 

VZ: O retrofit vai ajudar os shoppings a ampliar e modernizar espaços já construídos, tornando-os mais atraentes para o consumidor. Após a pandemia, percebemos um novo comportamento de compra dos consumidores. Quando ele vai a um shopping center, ele não quer só comprar. Ele busca por sensações positivas dentro de uma loja, experiências diferenciadas. Ele vai querer olhar, experimentar, escolher, adquirir. Então esses espaços precisam divertir, gerar novas descobertas, abrigar encontros, solucionar problemas. Oferecer bem-estar de forma geral. Por isso é importante a arquitetura de experiências, justamente para ressignificar o ambiente. 

Qual o retorno que os clientes da VZ&CO que apostam em  retrofit costumam ter?

 VZ: O retrofit potencializa o que já está construído, adaptando todos os espaços para trazer mais tecnologia, trazendo soluções de sustentabilidade, ajudando o shopping center a oferecer melhores experiências de consumo. Além disso, essa reconceituação da arquitetura de um shopping ajuda a trazer novos clientes e ainda reforça a fidelização dos mais antigos. No fim das contas, acredito que o retrofit é uma maneira inteligente de atender aos desejos do consumidor em constante transformação. E isso é o mais importante para o negócio, pois — em última instância — são os clientes que fazem o varejo girar. 

Como a VZ&CO aplica o retrofit em seus projetos?

VZ: Esse ano, nós iniciamos dois projetos de retrofit para suprir não só as necessidades dos nossos clientes, mas dos consumidores. Como falei anteriormente, o shopping center, hoje, oferece mais do que um mix de lojas para compras; ele também está preocupado em oferecer bem-estar e entretenimento. Por isso, a tendência é aumentar os espaços de alimentação e lazer. Em um dos nossos projetos, que está sendo desenvolvido em parceria com o Shopping Lajeado, no Rio Grande do Sul, estamos trabalhando na implementação de um food hall — seção de lojas para oferta de diversas experiências gastronômicas —  para possibilitar experiências diferenciadas para quem for visitar o espaço.  

E quais seriam essas experiências? 

VZ: Experiências de lazer, como a possibilidade de realização de aulas de gastronomia, shows de música, etc. Com a construção de um food hall, por exemplo, o shopping ganha espaço para ofertar esse tipo de experiência e passa a ter uma nova âncora de atração de clientes. É isso que o consumidor espera: que o shopping funcione como um centro de entretenimento e lazer.

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